Numéro Models: agosto 2013

MODELOS QUE VIRARAM ATORES

De modelo para ator global- REYNALDO GIANECCHINI

PASSARELAS NA TELA

por Estevam Von Claus

Modelo e ator: JESUS LUZ

Não é de hoje que o universo artístico flerta com o universo da moda.

Notórios modelos tornam-se atores por decorrência de suas popularidades e de seu poder comercial de atrair público, audiência. Sem contar da beleza, o que, querendo ou não, é um tipo de fulguração e colírio para os olhos dos telespectadores.

Adaptar e conciliar beleza com o talento artístico podem ser um choque de imediato. O modelo tem um adicional de saber ‘incorporar’ diversos papéis quando pisa na passarela ou quando é clicado para as câmeras. Sem contar de algumas experiências nas propagandas televisivas, o que dá uma prévia da fotogenia do modelo nas imagens da tela, caso estivesse em alguma programação dramatúrgica.

A simbiose dá certo quando o (a) modelo se aplica na nova carreira através de estudos de arte dramática para ganhar estofo, preparação, ao compor um personagem.

ANA PAULA ARÓSIO: Beleza estonteante em campanhas e na TV

No entanto, a televisão tem mostrado certa complacência e aderência para lançar ‘novos atores’ sem se preocupar, de imediato, na tal veia artística. O que estão em jogo são o marketing, a boa imagem do (a) modelo e o seu poder comercial de atrair ‘consumidores’.

E por mais que o (a) modelo não seja ator/atriz, sua imagem fica na imaginação do público que o (a) viu numa propaganda, num comercial, num catálogo, no outdoor. O que facilita aumentar a familiaridade com essa imagem que agora se transfigura para os palcos, a tela.

A carreira de modelo é sempre gradual, por vezes sacrificada; sendo o mesmo processo quando o (a) modelo ‘vira’ ator/atriz. Muitos sofrem preconceito, principalmente anos atrás. Os verdadeiros atores se sentiam invadidos; achavam que estavam perdendo espaço para ‘amadores’. Aquela velha frase: mais um rostinho bonito na Tv.

Atualmente, porém, essas classes estão muito mescladas. Atores viram modelos também, porque têm fama; e isso gera público e lucro. Até cantores são escalados para participações em telenovelas e propagandas televisivas! Se isso é errado ou não, temos de pensar que é a publicidade que conta. É a promoção. Com as quedas de audiência, ter profissionais carismáticos e belos em produções artísticas, com ou sem talento, é o que conta na hora de vender o produto.

Claro que se o (a) modelo quer permanecer em sua nova carreira, terá que saber receber críticas e aproveitar oportunidades que virão. Sabendo que ser ator/atriz é um constante aprimoramento. Conciliar ambas as profissões entra nesse eixo. Ou a decisão de se aplicar somente numa. Isso vai de cada um.

O que temos visto é que muitos modelos se deram bem quando atravessaram uma carreira a outra. Nomes famosos como os de Sílvia Pfeifer, Luma de Oliveira, Paolla Oliveira, Sheron Menezzes, Jesus Luz, Emanuelle Araújo, Pablo Bellini, Cauã Reymond... e tantos outros que você conhece na Tv; todos, em maior ou menor grau, foram novas atrações. Souberam transmutar dos holofotes das passarelas para os palcos e telas.

SÍLVIA PFEIFER: ao lado de Alexandre Frota- Minissérie "BOCA DO LIXO"- 1990

LUMA DE OLIVEIRA: Capa da revista NOVA

LUMA DE OLIVEIRA: Capa da revista BOA FORMA

Atriz PAOLLA OLIVEIRA

Atriz: PAOLLA OLIVEIRA

Atriz: SHERON MENENEZZES

JESUS LUZ ao lado da atriz MARIANA XIMENES- GUERRA DOS SEXOS

EMANUELLE ARAÚJO- ao lado do ator CAUÃ REYMOND- A FAVORITA

Ator: CAUÃ REYMOND

E mesmo assim você pode perguntar: não é um risco pôr modelos para serem atores, uma vez que eles não têm experiência? Não é um risco para o público rejeitar a interpretação de um ator canastrão sem expressividade?

Ator: PABLO BELLINI

Juliana Paes era modelo antes de ser uma estrela global. E desde 2000, ao aparecer na telenovela Laços de Família, não parou mais de abocanhar grandes papéis.

Atriz JULIANA PAES

Reynaldo Gianecchini: outro que ultrapassou críticas ferrenhas sobre o seu

desempenho na mesma novela e é, até hoje, o galã de nossas novelas de cada dia.

Ator: REYNALDO GIANECCHINI

Se foram censurados ou não, o importante é que o risco há no todo de uma produção. Não se deve o fracasso de uma novela ou programa porque quem fazia o papel era um (a) ex-modelo!

Ver um (a) modelo é também dar vigor à televisão. É oferecer um ideal de beleza, um ideal de físico, de moda. É uma grande propaganda maior. Dá mais abertura para vermos o (a) modelo num espaço pelo qual é mais acessível ver. Nem todo mundo vai a desfiles nem acompanha lançamentos de tantos modelos. A Tv ou o palco dá abertura de aproximação e visualização.

Ana Paula Arósio, outra grande modelo que se tornou um ícone na Tv, por sua beleza estonteante e seu talento, quebrou todas as críticas quando foi alçada à Tv no papel principal da minissérie Hilda Furacão, em 1998. Ganhou muitos prêmios à época de atriz revelação, e foi culminando mais papéis de protagonistas, até ser vista como atriz, como realmente é! Isso é prova de que beleza e talento podem caminhar juntamente.

Em suma, a mudança parcial ou integral da carreira de modelo para a de ator/atriz, requer a mesma meta: dar credibilidade ao público. O público precisa acreditar na marca, na qualidade do produto ou serviço ao ver a imagem do (a) modelo. Assim como o/a ator/atriz precisa ser crível em seus papéis.

Se Gisele Bundchen não é lá uma grande atriz, como vimos no filme Taxi ou O Diabo Veste Prada, é o de menos! Ela desperta curiosidade. É outra plataforma que se abre para vermos sua beleza fulgurar. É como se ela estivesse numa passarela ao contrário da habitual. Chama público, chama bilheteria, suscita comentários. E é assim que funciona o mercado: garimpando diamantes para poder lapidá-los.